Durante uma hora na sala de imprensa do estádio Novelli Júnior, o gestor Juninho Paulista atendeu a imprensa para uma entrevista coletiva. Compareceram Moura Nápoli (Jornal Periscópio), Renato Alves (FM Cidade de Itu), Renan Tonet (Podcast Futebol Show) e Arcílio Neto (site GE). Confira os principais trechos. A entrevista na íntegra também está no Instagram e outras redes oficiais do Ituano.
MOURA NÁPOLI: Como a gestão vê o Ituano daqui para frente e o que pode mudar? O que deu errado e o que estava certo”
JUNINHO: Quando vão surgindo os erros você faz uma análise. E essa análise não pode ser com emoção. Com emoção você só vai enxergar que está tudo errado. Tem muitas coisas que nós fizemos, e tentamos fazer, dentro da nossa filosofia de 15 anos de administração, deu certo. Esse ano algumas coisas não deram certo. Isto também não quer dizer que está tudo errado. Estamos analisando. Obviamente que cometemos erros. Poderia ter sido melhor. Eu particularmente estou muito triste. Sabemos como é o futebol. Há bons e maus momentos. Isso eu vivi a minha carreira inteira. Primeiro como jogador e agora como gestor. É um ano terrível que tivemos em 2024. Mesmo assim, sabendo dos altos e baixos do futebol, é um momento doloroso de se passar. Estamos refletindo bastante. Tentando corrigir esse rumo para que em 2025, do mesmo jeito que foi um ano péssimo em 24, que possa retornar buscando os dois acessos. Em relação ao que mudar? Nós fizemos várias tentativas. Em todo momento nós tentamos consertar os maus resultados. Mudamos a nossa filosofia. Muito se fala do técnico Marcinho. Ele passou pelo mesmo processo que tivemos com o Vinicius Bergantim e com o Doriva. São processos que deram certo. O Marcinho é um bom treinador. Infelizmente não deu certo. A nossa filosofia é escolher o profissional e dar a oportunidade dele trabalhar. Não se faz nada a curto prazo. Foi isso que fizemos com o Marcinho. Quando ele saiu mudamos a nossa característica e trouxemos um treinador experiente. Talvez o mais experiente que trouxemos na nossa gestão. O Alberto Valentim só tinha trabalhado em clubes de Série A. Foi campeão no Vasco e no Botafogo. Ele demonstrou isso. Um treinador com boa gestão de pessoas.Com bons trabalhos. E também não deu certo. Estamos refletindo com tudo isso. Para que em 2025 não ocorra esses erros. Elenco: Nós já tivemos vários tipos de elenco. Talvez nós tenhamos errado nas características dos atletas. Que não se encaixaram na filosofia do clube. São alguns pontos que estamos refletindo. O ponto principal é que não alcançamos o equilíbrio. Numa equipe de futebol ela tem que ter equilíbrio. Com o Marcinho, a gente empatava muitos jogos. E tinha uma segurança defensiva. Por marcar alto, por dar combate desde a saída do adversário. Então nós não corríamos muitos riscos. Não tínhamos os adversários chegando na nossa área. Era uma equipe mais sólida defensivamente. A gente criava, mais não fazia o gol. Depois isso mudou. Tanto que agora temos o 6º melhor ataque com 43 gols. Um a mais que no ano que quase subimos contra o Vasco. Nós fizemos os gols, mas tomamos muitos gols. Então nestes dois momentos não houve equilíbrio. Temos que prestar atenção neste aspecto para sempre termos uma equipe equilibrada.
MOURA NÁPOLI: Quero que você esclareça essa situação da SAF, porque está gerando muitas dúvidas. No caso do Ituano tem uma cláusula que fala em confidencialidade. Porque isso?
JUNINHO: A SAF do Ituano nada mais é do que uma atualização do contrato que fizemos há 15 anos. Na época não existia esse modelo de SAF. Fizemos esse primeiro contrato de gestão com a Associação. Esse contrato foi refeito, acrescentando algumas coisas em 2013, quando o Paulo Silvestri entrou. Então ele foi atualizado. Agora a SAF é um modelo de contrato que dá mais segurança jurídica tanto para a associação, como para a empresa. É um modelo que tem benefício fiscal, antes não tinha. É um incentivo para que os clubes se tornem empresas. No nosso dia a dia não muda nada, porque já administramos como uma empresa. Se fala muito em valores. Não tem valores. É apenas uma atualização de contrato, onde agora será dividido num percentual. A Associação será dona de uma parte, e a empresa dona de outra parte. Esse é o modelo de contrato. E todos contratos tem termos de confidencialidade. Basicamente é isso. É uma atualização de contrato de gestão que vem se praticando há 15 anos. Eu assumi o Ituano em 2009 que estava para fechar as portas. Organizei o clube até hoje. Todo o investimento foi meu e do Paulo quando entrou. E também do Toninho que ficou dois anos e depois saiu. É isso. Falam muito sem conhecimento.
RENATO ALVES: Vão acontecer muitas mudanças no departamento? Como vão montar o elenco? As contratações serão feitas pelo Beto? O que vai mudar no Ituano para 2025?
JUNINHO: Não é o Beto que faz as contratações. Ele faz as negociações. Temos um departamento de análise de desempenho que juntamente com o treinador e comissão técnica, são colocados os nomes dos atletas na mesa e a escolha é feita através de um consenso. Claro que o treinador tem a palavra maior. O Beto também faz parte deste processo. E depois de definido o nome deste atleta, o Beto vai negociar esse atleta. Buscando a melhor negociação. Essa é uma das funções do Beto. No dia a dia ele é o responsável pela disciplina e do comando do departamento. Essa é a função de um diretor. Com relação ao futuro, eu tive uma reunião com todos. Temos esse jogo de sexta em casa. Temos que jogar com dignidade. Lembrei os atletas que quando entram em campo, tem que fazer valer profissionalismo que exerceram até agora. Falei para todos a queda é muito ruim. Claro que se as coisas não estão dando certo, você terá que fazer mais mudanças do que o necessário. Aconteceram muitas mudanças no time que quase subiu em 2022. Isso foi prejudicial para nós. Essa troca de muitos jogadores. Não foi de toda nossa culpa. Eu não estava aqui, mas pessoas que estavam aqui administrando, falou que muitos jogadores receberam ofertas melhores e nós não conseguimos segurar. E também alguns também quiseram ir para outros lugares. Não foi com todos. Acredito sim, que poderíamos ter feito um pouco mais de esforço para ficar com alguns. Mas, outros também não quiseram. Não podemos jogar toda a culpa somente de um lado. A troca é sempre muito ruim. Hoje somos 90 pessoas trabalhando no clube. Entre funcionários, colaboradores, prestadores de serviço e comissão técnica. Mais as comissões da base nas três categorias. Minha pretensão é fazer menos mudança possível, mas avisei que sim. Haverá mudanças. A partir do final do campeonato vamos executa-las.
RENATO ALVES: O Paulo nos deu uma entrevista após a queda no Paulista e disse que foi um acidente de percurso. E que montaria no ano que vem uma equipe para ser campeão da A2. Agora tem a queda para a Série C e com queda de orçamento. Como será possível equacionar essa situação?
JUNINHO: Nós temos que ser bem criterioso. Desde que assumimos o clube em 2009, sempre foi deficitário. O clube só teve um equilíbrio nestes três anos de Série A1 do Paulista e de Série B. Todos os outros anos o clube foi deficitário. Eu e o Paulo somos os responsáveis pelo lado financeiro. De uma maneira ou outra, com investimento próprio, temos que bancar o Ituano. É o que a gente fez nestes 15 anos. Hoje o Ituano é um clube saudável exatamente pela administração que foi feita. A gente não pode fugir disso. Criterioso é buscar jogador no mercado e que se encaixe dentro do nosso orçamento. No ano que vem, o orçamento do ano que será muito deficitário. Nós vamos gastar muito mais do que vamos arrecadar. Temos que formar um time competitivo, forte para subirmos. Agora se fala muito em folhas e valores. Em 2014 nós tivemos uma das menores folhas e fomos campeões paulistas. Nos anos que subimos para a Série C e para a Série B era uma folha de meio de tabela. Não dá para atrelar o valor alto da folha que será campeão, e nem a folha baixa que será rebaixado. Temos que encontrar um equilíbrio. Vamos ser criterioso neste aspecto. Para trazer jogadores dentro do nosso objetivo que é voltar tanto no Paulista como no Brasileiro no ano que vem.
RENAN TONET: Neste ano o Ituano teve três boas receitas em jogos contra os grandes. No Paulista contra o Corinthians e São Paulo. E no Brasileiro contra o Santos. No ano que vem não haverá essa receita porque nenhum grande jogará na A2 e também na Série C. Como fazer para aumentar a média de público e como será a relação com o torcedor do Ituano?
JUNINHO: Boa pergunta! Na verdade, é um desastre financeiro quando você sai de uma Série A1 e de uma Série B. Financeiramente é bem complicado. Não teremos os jogos contra os grandes os torcedores costumam comparecer. Consequentemente é uma receita que nós vamos perder. Eu estava falando com uma pessoa da área de marketing e comercial sobre as ações que já fizemos para trazer o torcedor para o estádio, e as dificuldades que nós tivemos. O que nós fizemos de ações para atrair o torcedor, foram muitos projetos. E dinheiro investido. Principalmente no meu começo. Foi gasto muito dinheiro. Não tivemos uma resposta favorável. Mas, a média do Ituano hoje é de 1.500 á 2000 torcedores. Quando eu cheguei era pouco mais de 100. Então foi um crescimento. Não temos 5 mil por jogo. Mas, é um crescimento. De 100 para quase 2 mil de média. Não é uma resposta que todos desejavam, mas houve uma melhora. Agora, o que podemos fazer? A gente sabe das dificuldades das pessoas, com dois jogos por semana. Uma tentativa foi feita agora com o preço do ingresso a 10 reais. Esse é o mínimo que podemos fazer. Toda promoção que vamos fazer, a Federação tem que aprovar. No ano que vem, o mínimo é de 30 reais. Abaixo deste valor, temos que ter aprovação da Federação. Temos 700 sócios torcedores. Número considerável para o Ituano. Todos contribuindo. Vamos fazer algumas ações com os mais assíduos. Estamos estudando alguma maneira de fazer novas ações. Principalmente com crianças, renovando a torcida do Ituano. Pensando no futuro. Não vamos ter jogos contra os grandes no ano que vem, mas todos os jogos serão importantes. As 1ª fases do Paulista e Série C são por pontos corridos. Serão jogos competitivos. Esse é um argumento para os torcedores possam estar nos apoiando. Este é o momento que a gente precisa. De todos.
RENAN TONET: Você trabalhou na CBF durante 4 anos. Como você vê o calendário do futebol brasileiro para o ano que vem? E sobre a Série C, havia um pedido dos clubes para colocar no mesmo formato das Séries B e A, com 38 rodadas. Achar que ainda pode mudar?
JUNINHO: A Série C para o ano que vem permanece igual. Isso já foi definido. Ela permanece com 27 datas até a final e 19 jogos na 1ª fase. O mesmo formato deste ano. O calendário mais complicado é da Série A. Não é fácil resolver. Há uma particularidade no Brasil que são os Estaduais. Que não existe em nenhum outro lugar do mundo é assim. Temos três meses do calendário comprometidos com os Estaduais. Depois é complicado você colocar todas as competições. Primeiro vem as datas FIFA, depois o calendário da Conmebol. Somente depois vem os campeonatos da CBF. Respeitando as datas da FIFA, da Libertadores e da Sul-americana. Então como você põe um elefante dentro de uma caixa de sapato? Agora o calendário da C e da D, inclusive foi um projeto nosso. Quando cheguei na CBF, o Ituano estava na D. Havia dificuldades de calendário. E expliquei para o presidente Rogério e para o diretor de competições Manuel Flores. E esse calendário foi corrigido. Com mais jogos, mais espaçado e permanece até hoje. Foram 9 ou 10 milhões a mais que a CBF investiu nesta mudança de formato. Na Série C, o calendário já é espaçado. Pensando na qualidade da competição e nos jogadores. Você joga uma partida por semana. No máximo, você joga 6 jogos por mês que é o ideal. É o que acontece na Série C. Conversando com o Julio Avelar, atual diretor de competições, existe a intenção de fazer a Série B desta maneira também. De ter no calendário, no máximo 6 jogos por mês na Série B. Acredito que a CBF vai conseguir encaixar no calendário do ano que vem. Só vai faltar o da A. Que é muito difícil. Já espremeu os Estaduais o máximo que deu. Antes eram 25 datas e hoje são com 16. Alguns Estaduais fazem com 12 datas. O Paulista é difícil reduzir datas. Agora sobre a Série A2, falei com o Reinaldo (presidente da FPF), nós vamos ter 15 jogos começando dia 15 de janeiro e terminando no final de março. A 1ª fase faremos jogos toda quarta e domingo. Não dá. Vai lesionar atletas. Então temos que nos preocupar com o perfil dos atletas que vamos contratar. Temos que nos preocupar também com o nosso departamento médico. Porque vamos ter lesões em todas as equipes. Temos que ter um departamento adequado e competente para que os atletas voltem o mais rápido. Fora as lesões mais graves. Tudo isso é conversado entre os clubes para melhorar o calendário. E a CBF está muito atenta.
ARCÍLIO NETO: Assim como o Ituano em 2022 que brigou pelo acesso, o Novorizontino e Mirassol estão próximos de conseguirem o acesso. São dois clubes com centro de treinamentos e que mantiveram os seus elencos da temporada passada. Podem servir de exemplo para o Ituano?
JUNINHO: O Novorizontino a gente conhece bem. E até falado por eles. O Ituano foi um modelo para eles no início. A questão física sempre foi importante. Não se faz futebol sem estrutura. O Ituano começou com isso. Quando cheguei aqui não havia estrutura nenhuma. Aconteceu com o Novorizontino e com o Mirassol. Hoje eles têm centro de treinamento. Falando sobre o elenco, acho que sim. Houve um erro nas trocas em 2022. Foi um ano que no 2º turno do Brasileiro deu certo. Os jogadores encaixaram. O time deu liga. Primeiro com o trabalho do Mazola e depois com o Pimentel complementando. É difícil ter isso no grupo. Assim como o Novorizontino formou agora com um elenco de dois anos, desde o ano passado. Quase subiu e neste ano deve subir. O Mirassol idem. Porque? Eles conseguiram segurar esses atletas. Talvez esse tenha sido o nosso maior erro. Não ter segurado o grupo que deu certo. Partimos daí. Depois você vai nas tentativas. Quando você troca, vem pessoas novas que precisam se adaptar ao novo modelo e a gestão do clube. E tivemos muitas dificuldades nestes dois anos.
ARCÍLIO NETO: O Ituano tem uma filosofia de não trocar treinadores. No caso do Marcinho que já não tinha ido bem na Série B do ano passado, não foi um erro mantê-lo por tanto tempo no Paulista, que culminou com o rebaixamento?
JUNINHO: O Vinicius também teve momentos conturbados aqui. Com altos e baixos. O Doriva nem tanto. Porque ficou um tempo menor. O Vinicius ficou mais tempo. O Tarcísio também teve dificuldades. E nós seguramos. Aquilo que você falou, da nossa filosofia. Com o Marcinho, eu acreditava muito no trabalho dele. Nós vimos o trabalho dele no dia a dia. Ele começou aqui como treinador no sub 15. Depois foi para o Red Bull onde ficou mais de dois anos, e já estava com um dos auxiliares do Pedro Caixinha. Ele já tinha uma boa experiência. Fora toda a afinidade que ele tem no clube. Ele jogou no Ituano e foi campeão em 2014. Ele ajudou muito do banco naquele ano. Essa foi a nossa ideia de traze-lo e dar a oportunidade para ele. Meu sentimento quando eu via os jogos do Marcinho não sofria tanto. Parecia que estávamos mais protegidos. Nós não fomos efetivos no ataque para fazer os gols. Por isso vieram muitos empates. Também porque não tomávamos gol. Talvez pela nossa filosofia, por isso a nossa insistência. Podia ter trocado antes. Agora é um treinador que a gente confiava. E achava que o trabalho ia dar certo. Também acho que houve erro na reformulação do elenco porque não é fácil jogar do jeito que o Marcinho joga. Que também é o jeito que eu gosto. Uma marcação mais alta. Mais ofensiva. Tirar a bola da nossa zona de perigo. Esse é o modelo que também gosto. Talvez não trouxemos jogadores para essa característica de jogo. Esse é uma reflexão que a gente faz. Do nosso modelo de jogo, talvez a gente tenha errado no elenco que montamos no início do ano. Eu já tive algumas conversas com o Marcinho. Serve também de aprendizado. Foi a primeira equipe que ele comandou. Assim como foi com o Doriva e com o Vinícius. Então coisas de vestiário que também precisa ser aprendido, assim como em alguns momentos dos jogos, você vai ter que se defender. Tem que ter equilíbrio. Isso por exemplo, culminou com a nossa saída da Copa do Brasil lá no sul. A gente fez de tudo para que não chegasse a esse ponto. Trabalhamos, nos esforçamos. Tentou tudo o que foi possível. Depois do 1º turno do Brasileiro, acredito que acertamos nos reforços. Todos os jogadores deram resposta. A equipe ficou mais encorpada. Mas, o mesmo ímpeto que tínhamos para atacar, talvez não era o mesmo ímpeto que a gente teve para defender. Em vários jogos sofremos gols fáceis. Com a confiança baixa do elenco, quando você está atrás do resultado, isso prejudica. Jogar sem confiança é complicado. Quando sofria um gol o time se abatia muito. Quando alguns falam que a defesa é ruim, não. A defesa começa desde lá na frente, no coletivo. E também se ataca igual, com a defesa empurrando o meio campo e empurrando os homens da frente. Se joga muito mais compacto, muito mais coletivo. Isso que a gente busca. Corrigir os erros deste ano e esse equilíbrio que a gente vai buscar.
RENATO ALVES: Já está definido o próximo técnico? Ou será o Chico Elias para a A2?
JUNINHO: Ainda não está definido. Teremos ainda esse jogo. O Chico que vai comandar. Jogadores que tiveram pouca oportunidade, nós vamos observar. Para a continuidade ou não. Depois, vamos pensar para o próximo ano. O Chico é um treinador muito bem preparado. Ele estudou para isso. Dentro da nossa filosofia, de lançar um novo treinador. Ele tem capacidade. Comandou o sub 20, foi auxiliar do Mazola, já comandou o profissional. Teve suas experiências. Comandou contra o Cruzeiro. É um treinador que tem capacidade para continuar. Mas, vamos resolver isso após o término do campeonato.
MOURA NÁPOLI: Quero saber como vai ficar a base para o ano que vem?
JUNINHO: Boa pergunta Moura! Porque quando falamos de desastre e ano terrível, estamos falando do profissional do Ituano. E não das categorias de base. Pelo contrário. Foi um ano magnifico das categorias de base. O sub 15 chegou na semifinal do Paulista, o sub 17 nas quartas e sempre revelando atletas. Eu sei o que é isso, porque quando joguei na base do Ituano, eu queria jogar uma Copa São Paulo, ser observado pelos grandes e ser olhado pela seleção brasileira. Eu queria essa visibilidade. Hoje os atletas de base do Ituano têm essa visibilidade. Neste ano é o segundo atleta do Ituano convocado para a seleção brasileira. E jogando, sendo titular. Caso do Dudu, como foi o Martinelli. Se olhar lá atrás, era difícil imaginar isso. Normalmente você vai olhar para os clubes grandes. A nossa base é um orgulho sim. E ainda tem muitos que nos criticam por isso. Dizem que eu me preocupo demais com a base, e pouco com o profissional. Críticas totalmente infundadas e superficiais. Críticas de pessoas que não conhecem o dia a dia do clube. A base é muito importante. Principalmente para clubes do interior. O Novorizontino acaba de ser campeão Paulista sub 20. Não é à toa que o Novorizontino está bem. O Mirassol está bem. Porque eles montaram um alicerce que nós montamos lá atrás. Estamos passando por uma turbulência enorme. Muita chateação. Mas, diferente de 2007 e 2008 quando o Ituano foi rebaixado. Cheguei em 2009 e as portas estavam para serem fechadas. É triste ser rebaixado. E muito. Eu sou competitivo demais. Quando vou jogar com os amigos, sou competitivo. E aqui, ainda mais. Cobro, sou disciplinador, quero disciplina. Os valores pessoais estão acima de quaisquer outras coisas. A gente pecou nisso também. E não vamos repetir esses erros. Caímos, mas não é o fim do mundo. Porque hoje temos estrutura, estamos mais saudáveis e um clube mais forte do que estávamos em 2007 e 2008. Vamos nos desdobrar na questão financeira, como a gente sempre fez. Só que temos estrutura física e de pessoas para darmos a volta por cima.
20/novembro